Renann Foutora Resolvi falar sobre esta peça pois ela se prolongou em mim, me alcançou de algumas formas e me fez refletir sobre mesmo após um tempo considerável do seu “término” . Não tive a oportunidade de ver os trabalhos anteriores de Denise, então escrevo de corpo aberto, apenas com as sensações causadas pelo impacto que a obra me causou. O cuidado e o carinho com a obra ficaram muito explícitos desde o seu inicio. Desde a forma/tom da fala que Denise utilizou para nos transportar para suas memórias até as musicas escolhidas como trilha, memórias compartilhadas, e no “final”, onde com apenas o cruzar do palco ela me presenteou com a lacuna da sua imagem, que faltava para completar minha visualização (imaginário) de tudo que fora compartilhado. Duas questões (fortes), porém, se criaram durante e após o espetáculo: “até que ponto Denise se utilizou da dança?”; e “para qual público a peça foi idealizada?”. A primeira questão surgiu nos primeiros momentos em que ela descreveu os movimentos que estaria fazendo, uma imagem rapidamente se criou em meu imaginário e rapidamente também se desfez, e poucas vezes voltou a aparecer [fora os momentos em que ela citou os passos de ballet “utilizados” – onde a referência a dança era mais direta]. O que dominou minha mente no decorrer da peça foram adaptações das memórias que Denise descrevia e eram transportadas para o meu contexto familiar. Lembrei da casa de minha avó, quando Denise citava a vó dela, e muitas vezes substituindo a imagem de Denise [também uma criação imaginária, pois até o final da peça nunca a tinha visto] pela de minha mãe [que acredito terem uma idade próxima]. Nesse pontou entra a segunda questão e já misturada com a primeira. Acredito que para quem tenha mesma idade ou idade próxima da autora o impacto da obra tenha sido outro do que foi para mim e para pessoas de gerações próximas a minha (eu nasci em 1993). Com certeza, a nostalgia causa sentimentos muito fortes – o que não foi o meu caso por não ter vivido a época, mundo, musicas, fatos históricos etc… que criaram as memórias compartilhadas na peça. Essas duas questões ainda reverberam em mim mas sem uma resposta ou solução. Levo os rastros de Denise em Entre Ver como uma prova de que realmente a obra teve/tem um ou mais “porquês” embora sejam “porquês” divididos por décadas, temporalidades e imaginários distintos. — Renann Fontoura é bailarino, atuando nos grupos Urban Face – Canoas/RS, Fresh Bones – Niteroi/RJ e da Cia GRN ( Grupo de Rua ) – Niteroi/RJ. Iniciou o contato com a dança aos 15 anos na cidade de Canoas. Pesquisador de hip-hop e suas vertentes já participou de grandes eventos nacionais e internacionais, estudando com grandes nomes do cenário mundial, tais como Rio H2K, Open extreme, Festival de danças de Joinvile, Festival internacional de hip-hop, O Boticario na Dança, Lift, Fusion concept, IBE, Urbanation, All4house e Juste Debout. — Texto produzido no projeto LabCrítica no Festival Panorama 2015 Foto: Denise Stutz (C) Renato Mangolin[/unordered_list]
Que Dança e Para quem Dança Entre Ver de Denise Stutz?
Que Dança e Para quem Dança Entre Ver de Denise Stutz?, de Renann Foutorapanorama-20152024-07-22T10:51:43-03:00
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