Intervenções de Arte Viva_Curadoria: Nadam Guerra
Estudar o corpo, estudar a imagem. Trocas de conhecimento, de ideias, de mundos imaginados. Um sábado para celebrar o corpo. Com curadoria do artista e professor Nadam Guerra, os alunos oriundos das artes visuais, dança, cinema e teatro participantes das oficinas de Performance Arte da Escola de Artes Visuais do Parque Lage ocupam diversos espaços do histórico prédio da Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
Serão apresentados 11 trabalhos e instalações reunindo obras em performance e arte viva. Os trabalhos abordam questões sobre a sexualidade e a objetificação do corpo. Exploram os limites físicos, fisiológicos e culturais do corpo vivo como arte.
Programação:
Instalados:
18h30 às 19h30: V_Entre, de Mana Lobato
O corpo não tem ponto de começo nem de fim. Ele se encontra no meio, entre as coisas. É como um meio e no meio que o corpo intervém. Como um meio, ele explora zonas possíveis que reverberam nele sua própria intensidade, desenhando nele as suas potências próprias. O corpo é exploração… E no meio, ele se prolonga sempre entre, sem aflorar identidades, ele é o livre fortalecimento da diferença, seu tônus. Movemo-nos a partir do meio, pelo meio, entramos e saímos pelo meio. As extremidades não são mais um limite, elas se tornaram um convite à uma nova maneira de fazer conexões, de mesclar, misturar… Agora, sem passado ou futuro, anulando começo ou fim, é que nos movemos. ”É que o meio não é uma média: ao contrário, é o lugar onde as coisas adquirem velocidade..”
17h às 20h: Virtuar, de Lorena Pipa
Virtuar é uma video-performance sobre uma relação sexual entre a performer e seu computador portátil.
17h às 20h: PROMOÇÃO: desapegos femininos, de Giovanna Langone
instalação audiovisual
17h às 20h: Virtuar, de Lorena Pipa
Virtuar é uma video-performance sobre uma relação sexual entre a performer e seu computador portátil.
Instantâneos:
17h: Sustento, de Rafael Bqueer e Gabriel José (aprox. 40 min)
Duas pessoas sustentam uma pá.
17h10: Raphael Couto
Ao pensar nas ideias de performance dentro de um panorama de dança, sem ser bailarino, penso num diálogo direto com a arquitetura e com o movimento brusco e físico. Amarrado a uma das colunas da construção, sentado a uma cadeira, corro em linha reta até que a amarração segure o corpo (este com um sino à cabeça, que marca o movimento).
A ação repete-se por doze vezes, ou até à exaustão.
17h30: Pomo, de Irene Milhomens (20 min.)
Uma performance – instalação em que o corpo se torna objeto – árvore frutífera, mas potencialmente destruidora, como a bíblica do-bem-e-do-mal. Desta maneira, a mulher, em lamento, através de lento processo, terá seu corpo retecido, reformado e transformado em árvore, aquela do seu martírio e da sua libertação. Essa mulher é Eva, mas é também Paulo, e Maria e Irene e qualquer outra. O desenrolar dessa ação é o enrolo, o enrolo nos frutos de cada ação, em cada maçã, uma história.
17h50: COMO SE FOSSE DA FAMÍLIA, de Felipe Barros (20 min.)
Com uma tigela destinada para a alimentação de animais, posicioná-la no chão e comer sem utilizar as mãos, como um cachorro ao se alimentar. A performance busca questionar o corpo humano em sua “naturalidade colonizada”. O título é uma referência clara ao processo que ainda temos na herança colonial que ronda nossa sociedade e está presente em nossos corpos.
18h10: O Corpo (in) desejável, de Ana Rios (30 min.)
Um corpo feminino. Nu. Meu corpo nu. Vou contando histórias sobre esse corpo, sobre esse corpo que é meu conto histórias minhas. A objetificação do corpo feminino em partes, em defeitos, em críticas. O desejo nos pequenos pedaços. Tudo vai sendo marcado com caneta cirúrgica. Uma provocação na busca incansável de um feminino ideal pela sociedade e pela mídia, atravessada por um corpo presente, real; por mulheres que sofrem.
18h40: Ensaio de um Suspiro, de Caio Picarelli (aprox. 20 min)
Performance cênica de Butô envolvendo tensegridade corporal, micromovimentação e uma dança autoexplorativa para os mortos.
19h: Algo tão doce, de Flora Bulcão (30 min.)
Questionando as reverberações políticas e morais da mulher objeto-alimento-coisa-virgem-puta na sociedade, a performance mobiliza a ideia da identidade e do peso de ser mulher, dialogando com a beleza e a inocência do algodão doce. A mulher vai se dissolvendo, o vestido se desfazendo, até ela ficar sem roupas, sem identidade ou “decência”.
A performer se coloca à frente da máquina de algodão doce, liga a máquina e tira seu vestido branco. Vai aos poucos fazendo e se vestindo de algodão doce (açúcar), até que o algodão doce se transforma em uma vestimenta rosa ocupando quase todo seu corpo. A performer desliga a máquina e caminha/corre pelo espaço enquanto pedaços de sua “roupa” vão caindo no chão e a performer vai ficando nua. Ela oferece então os pedaços de algodão caídos no chão para alguns passantes/espectadores escolhidos no momento e se retira do espaço.
19h: puxar pele, de Juliana Wähner (aprox. 60 min.)
A instalação viva “puxar pele“ trabalha com o impacto de uma imagem viva, composto de 6 corpos ressignificando o corpo humano ao colocá-lo como matéria moldável. O trabalho conta com a metodologia de uma nova existência sem posse, protagonismo e emoções. Neste ato filantrópico se lida com as igualdades físicas de todos os corpos, a entrega total ao trabalho profundo e voltado para si, em um contínuo contato-desafio com outros corpos. O trabalho propõe uma reflexão sobre o corpo-matéria que se forma e deforma constantemente dentro de um ritmo próprio. Há horizontalidade entre a massa que é o corpo-matéria, entre o tempo do surgimento de um novo ser vivo composto por essa fusão de vários corpos que comungam, temporariamente, de uma mesma existência.
Ficha técnica:
Concepção e direção: Juliana Wähner
Corpos: Antonio Vinícios Albuquerque Peixoto, Douglas Paranhos, Italo Spinelli, Jamile Moreira, Juliana Wähner
Intervenções de Arte Viva
9 de dezembro
17h às 20h
Escola de Cinema Darcy Ribeiro
Rua da Alfândega, 05 – Centro
Classificação: 18 anos
Entrada franca sujeita à lotação
Foto: Pomo, de Irene Milhomens © Silvia Jardim