Na imagem de Marc Domage, nosso anfitrião CN D

O Festival do Rio de Janeiro se instala no Centre National de la Danse (CN D) – uma iniciativa do Ministério da Cultura e Comunicação Francês, criado em 1998 e que em uma única instituição centraliza um amplo espectro de atividades profissionais em benefício da dança – para três semanas de shows, performances, mesas redondas, reuniões, festas.

Em reação às medidas populistas do governo de Jair Bolsonaro, que levaram ao cancelamento da edição 2019 no Rio de Janeiro, o CN D recebe o festival brasileiro Panorama, um verdadeiro território de resistência e reflexão crítica, sem equivalente no continente sul-americano.

Hoje administrado por Nayse López, a Panorama persegue o compromisso de possibilitar uma plataforma de transmissão de produções artísticas frequentemente excluídas das redes institucionais. Fiel a esse posicionamento, a edição realizada em Pantin(FR) reúne jovens companhias em vias de profissionalização, algumas mais acostumadas à espaços informais do que às cenas oficiais.
Cada uma das três semanas assumem um eixo temporal (futuro, passado, presente) e a programação aborda questões através dos prismas da educação e tecnologia, do pensamento decolonial,  da censura e informação nas democracias de hoje. Essa reflexão política continua durante mesas-redondas e reuniões, especialmente dedicadas às questões dos direitos das minorias (LGBTQI + ou povos indígenas).

Ao se tornar o anfitrião além muros transcontinentais, o CN D consolida laços com coreógrafos Brasileiros nos últimos anos, desde Lia Rodrigues, Wagner Schwartz, Calixto Neto e Marcelo Evelin, convidados das edições anteriores do Camping, até Volmir Cordeiro, artista associado entre 2017 e 2019. Mas ele também mostra sobretudo sua intenção de criar o novo, de afirmar a solidariedade internacional e de trabalhar para a definição de arte como um ato completo de resistência.